quinta-feira, 4 de setembro de 2008

[Espanha] O caso de um preso anarquista


Há tempos nos queixamos, com razão, de que na nossa vida pública faltam idéias, debate, capacidade de reflexão. Mas este maior interesse pelas idéias deveria vir acompanhado também de um maior sentido de realidade, da vontade de concretizar as idéias, de preocupar-se pelos problemas que têm as pessoas reais. Quando não se faz isso, as idéias podem ser desculpas para se fazer castelos no ar, inclusive castelos progressistas.
Existem de menos as duas coisas: idéias, mas também ações concretas para lutar contra o trato injusto, contra os sofrimentos que muitos padecem. A prisão é um dos temas que mais debate e mais preocupação deveriam gerar entre nós. Por desgraça, não é assim. Desde já faz anos tenho acompanhado vários casos de presos políticos na Catalunha e tenho comprovado que o sistema judicial e a instituição penitenciária são feudos tão fechados, tão opacos, que, se não se vai com muito cuidado, podem acabar instalando-se neles a parcialidade, a arbitrariedade, a crueldade e o legalismo vingativo.
Por isso, quero referir-me a casos concretos, falarei de Amadeu Casellas. É um anarquista que expropriou bancos nos 70 e 80. Faz já bastante tempo, mais de 20 anos que está na prisão. Pede para ser libertado, porque, se não, sua pena acabará convertendo-se em perpétua, o que vai contra a celebrada Constituição espanhola. Mas também se conformaria com a concessão, como lhe corresponde, do terceiro grau penitenciário, para ir somente dormir na prisão. E a ele tudo é negado. Tudo. Suspeito que é porque é anarquista. Se fosse banqueiro, ex- prefeito, alguém do teatro ou um empresário o tratariam muito melhor. Mas é anarquista. E, a estes, não se lhes condena só na prisão: também a inexistência.
Hoje, faz 74 dias que Amadeu Casellas começou uma greve de fome para reclamar que se lhe trate como se trata a todo o mundo. Isto tão pouco têm nenhum efeito. Eu temo que o poder goste, principalmente, de si mesmo, no judiciário, na prisão ou aonde quer que seja. Os que têm poder tem também o objetivo de reduzir o sofrimento e de fazer a vida mais suportável, mais humana?
Josep-Maria Terricabras
Fonte: Jornal da Catalunha - LA RUEDA - 3/9/2008
Liberdade ou morte. Música de rap para difundir a situação de Amadeu
Liberdade ou morte. Música de rap para difundir a situação de Amadeu Casellas. Uso livre para qualquer coletivo ou individualidade solidária: programas de rádio, rádios livres, CDs autogestionados, difusão por internet etc...
Para escutar a música: http://es.youtube.com/watch?v=155x88MO0MM
Para baixar gratuitamente a música: http://www.megaupload.com/es/?d=UU5FRRJ0
Tradução > Juvei


agência de notícias anarquistas-ana
Lágrima aflora.Na música lá forauma alma chora. Rogério Viana

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